Graças ao turismo e novas relações com países pelo mundo,
Cuba está se modernizando e gerando novas ofertas de consumo, novos empregos e
até novas indústrias, como a construção de painéis solares para geração de
energia e empresas que fabricam produtos de limpeza, higiene, alimentos, roupas
e aparelhos eletrônicos. Ao mesmo tempo em que os salários seguem sendo a maior
reclamação sobre a vida em Cuba, e para muitos a única. Os rendimentos são baixos
do ponto de vista dessas novas ofertas de produtos eletrônicos, roupas de marca
e até produtos de limpeza e higiene importados e algumas marcas que já fabricam
em Cuba, como a Lux de higiene pessoal.
O custo de vida para coisas essenciais continua baixo, consumindo pouco do salário para despesas como água, luz e telefone, além da continuação da “libreta” que proporciona uma cesta básica para todo cidadão, garantido que todas as famílias tenham comida na mesa.
Meses depois da minha viagem o governo cubano anunciou o aumento de até três vezes nos salários dos trabalhadores cubanos. Vale
ressaltar que os preços de produtos e serviços não aumentaram. A média salarial
saltou de 600 pesos cubanos para 1600 pesos, sendo o menor salário de 400 pesos
e o maior de 3000 pesos. Por exemplo: um professor que ganhava 555 pesos passou
a ganhar mais de 1400. Um jornalista que ganhava 385 pesos, agora ganha mais de
1300 pesos.
A oferta e variedades das lojas em Cuba aumentou e muito na última década |
Saúde e educação continuam de graça e são motivos de maior
orgulho do povo. Outro motivo de muito orgulho é a tranquilidade do cotidiano em
Cuba. Um país praticamente sem violência, em que qualquer pessoa pode andar na
rua sem precisar ficar preocupado se alguém vai te assaltar, te estuprar ou te
agredir, casos que acontecem a cada minuto no Brasil seja por machismo,
homofobia, racismo, etc.
Existem pessoas e famílias morando na rua em Cuba? Não, mas
existem pessoas que dormem na rua. Nas duas semanas que fiquei em 2019 vi em apenas
um dia, duas pessoas dormindo na rua. Foi perto da lanchonete El Cubanito que
fica aberta até madrugada. Já era tarde da noite e percebi dois policiais vindo
andando pela calçada e inevitavelmente iriam cruzar com os dois que estavam
dormindo. Ao se deparar com os dois, os policiais argumentaram entre si,
gesticulando bastante (como é de costume dos cubanos), e seguiram caminhando.
Deu-me a impressão de que eles já conheciam os dois, pareciam emburrados por
encontrá-los naquela situação, mas seguiram em frente. Logo me veio a
recordação da violenta repressão no Brasil contra moradores de rua,
principalmente na metrópole paulistana em que usam até jatos de água para “espantar”
as pessoas do local onde elas dormem.
Conversando depois com Luis e Isabel que moram próximos
dali, me disseram que trata-se de um casal de idosos gay. Ambos tem família,
casa, mas preferem dormir na rua. Por que? Talvez sofram preconceito da
família, talvez já sofreram algum preconceito nos albergues espalhados por Cuba
voltados para pessoas em dificuldade, na maioria dos casos idosos. Em casos
assim, normalmente a polícia juntamente de assistentes sociais encaminham essas
pessoas para um albergue, principalmente se fosse uma noite chuvosa ou se
tivesse passando um furacão que poderia colocar a vida dessas pessoas em risco.
Tanto é verdade que passam dezenas de furacões por ano em Cuba e sem vítimas
fatais. Já no Brasil, por exemplo, vemos casos constantes de vidas que se
perdem por conta de uma tempestade.
Então o governo cubano obriga as pessoas a irem para um albergue? Lógico que não, o que vivenciei evidencia isso. Casos assim são tão raros em Cuba que costuma-se dizer que num quarteirão no Brasil há mais pessoas dormindo na rua do que em todo território cubano. O certo é que o outdoor na saída do Aeroporto Internacional José Marti com os dizeres “No mundo há milhões de crianças dormindo na rua. Nenhuma delas é cubana” continua sendo a maior verdade e o maior exemplo da vida digna proporcionada pelo socialismo cubano.
Então o governo cubano obriga as pessoas a irem para um albergue? Lógico que não, o que vivenciei evidencia isso. Casos assim são tão raros em Cuba que costuma-se dizer que num quarteirão no Brasil há mais pessoas dormindo na rua do que em todo território cubano. O certo é que o outdoor na saída do Aeroporto Internacional José Marti com os dizeres “No mundo há milhões de crianças dormindo na rua. Nenhuma delas é cubana” continua sendo a maior verdade e o maior exemplo da vida digna proporcionada pelo socialismo cubano.
Atualmente há celulares e internet por toda parte, o que me
preocupa, pois vivemos no Brasil recentemente o pior que essa ferramenta pode
fazer com a difusão de mentiras (fake news) pelas redes sociais que fizeram um
fascista como Bolsonaro ser eleito.
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Mas os cubanos se dizem conscientes disso e que sua
juventude é educada e politizada para enfrentar essas mentiras e separá-las das
verdades. Cada vez mais cresce o número de youtubers em Cuba. Basta uma rápida
busca que você vai encontrar dezenas, talvez centenas de jovens cubanos que
compartilham o cotidiano de suas vidas no YouTube. Certamente isso trará
vislumbre e ilusão proporcionadas pelo capitalismo para muitos desses jovens,
mas como disse são centenas de pessoas, enquanto o país tem milhões trabalhando
diariamente para desenvolver e avançar com o projeto socioeconômico cubano.
Nesse campo da internet e nessa nova realidade de interagir
com o mundo, os Jovens Cubanos de Computação são as pessoas mais importantes
nesse processo, pois são elas que estão ensinando os cidadãos a acessarem a
internet e principalmente como usá-la de forma que se previna contra os perigos
causados pelas mentiras propagadas pelas redes.
Confio e muito na Revolução e sei que o povo cubano jamais
vai abrir mão das conquistas sociais, mas o Império Norte-Americano seguirá
como maior inimigo da liberdade e tranquilidade conquistada pelos cubanos e
aumentará o investimento na propaganda contrarrevolucionária na internet que já
mostrou ter poder de derrubar governos e voltar o povo contra si mesmo.