9º dia em Cuba

Hoje foi o último dia conhecendo o interiorzão de Cuba e hospedando-se nos hotéis. A partir de agora vamos ficar no Acampamento Internacional Julio Antonio Mella – que já expliquei mais no terceiro dia do diário em Cuba – e chamávamos carinhosamente de acampamento roots. Na longa viagem de umas 10h, por causa das paradas, a primeira foi na cidade de Santa Clara no mausoléu e museu do Che Guevara (são no mesmo local). De longe se pode ver uma linda estatua de 16 metros de altura do Che. Com diversos painéis cheios de esculturas ou frases do Che, além da carta de despedida do argentino para o Fidel antes de ir a guerra do Congo. Dentro do museu tem a vida inteira do Che, literalmente. Ali estão as roupas, boina, cantil, binóculos, armas, etc; tudo que foi usado por ele durante a vida, até boletins escolares e textos de sua infância e juventude. 


Museu e mausoleu do Che Guevara em Santa Clara
"Assina o comandante Ernesto Guevara a missão de conduzir desde a "Sierra Maestra" até a provincía de "Las Villas" uma coluna rebelde"
Infelizmente não é permitido o uso de câmeras no museu. Num outro complexo do museu tem os restos mortais do Che e dos combatentes que caíram com ele na Bolívia, e que só foram achados décadas depois num local usado para desova dos corpos dos guerrilheiros. Depois fomos ao local onde foi construído um complexo escultórico em homenagem a batalha do “Trem blindado”.  Um professor de história e que mora na cidade nos contou que num ultimo suspiro de combater o Exército 26 de Julho que avançava em direção a Havana, o ditador Batista orquestrou que milhares de soldados infiltrariam nas cidades pelos trens e destes começariam o ataque. Os trens foram preparados para os fuzis ficarem apontados para fora e ao mesmo tempo proteger os atiradores. O que não esperavam é que Che já os estava junto aos guerrilheiros e sabotaram a ferrovia, assim o trem descarrilou. Com vagões ainda em pé houve uma intensa batalha. Até que com a ajuda da população que tacava coquetéis molotov nos testos dos vagões (que eram de madeira) os soldados do Batista se renderam. Dali por diante com Santa Clara controlada a vitória da Guerra Revolução deu-se como concreta, mas que perdura até hoje com a garra dos cubanos frente as atrocidades cometidas contra a soberania e independência de seu país. O complexo é enorme e com diversos vagões tombados e esculturas imitando explosões fica mais realista.
"Monumento a ação contra o trem blindado"
Objetos dos soldados de Batista

 Dentro dos vagões há fotos e objetos da época contando a historia da Guerra da Revolução que se desenrolou naquela cidade. Nos últimos vagões são apresentadas obras de arte de artistas locais. Em torno desse complexo há um parque para crianças que não pude deixar de notar. Contornado por um rio, que não me parecia poluído pelo menos pelo cheiro, o parque esta muito bem preservado e naquela tarde de sábado estava com diversas crianças se divertindo.



Parque em frente o monumento do trem blindado
Na cidade nenhuma surpresa. Ruas limpas, carros antigos mesclando o transito (sem caos) com os carros novos, casas bem preservadas, nenhum barraco, nenhum mendigo e nenhuma criança pedindo dinheiro ou cheirando cola nas praças.
No acampamento ficamos divididos entre seis pessoas em cada quarto. Eram vários complexos e todos com seus banheiros femininos e masculinos separados, claro. O chuveiro não tinha aquecedor e o melhor horário para tomar banho era por volta das 16h (4h da tarde) quando a água vinha um pouco morna no chuveiro. Teve gente de outros complexos que disse que a água nesse horário estava quente mesmo. Além dos chuveiros contava com cerca de cinco privadas separadas por boxes e uma grande pia com diversas torneiras e espelhos. Para fazer a barba eu usei meu barbeador elétrico sem problemas no banheiro porque tinha tomada perto da pia e de frente pro espelho. Do lado de fora conta com pias que usamos para lavar as roupas e em frente ao quarto pendurávamos no varal que tinha por todo o corredor.


Noites e madrugadas no acampamento

A noite já no acampamento e depois da janta fizemos uma fogueira e com rum e violão proporcionou-se um luau perfeito. O cozinheiro chef do acampamento, Polin – que contei no terceiro dia do diário em Cuba – apareceu todas as noites para tomar umas e principalmente fazer amizade conosco. Contando sua trajetória para nós ele atualmente com 25 anos fez um curso de chef com dois anos de duração e gratuito. Pagando apenas pela apostila que ele mesmo disse ser barata e depois de se formar recebeu a oportunidade de trabalhar ali. O curso não era um curso de faculdade e sim um curso entre os tantos oferecidos pelas centenas de instituições de ensino que vão além das formações tradicionais escola, colegial e faculdade. Já eram três anos trabalhando no acampamento o que é a coisa mais prazerosa do mundo para ele, pois pode exercer a ocupação que tem afinidade e poder conhecer tantas pessoas do mundo inteiro. O único lado ruim é que mesmo em pouco tempo as amizades ficam muito próximas, ao mesmo tempo em que duram pouco já que a maioria não volta para o acampamento novamente. E sobre a distância da família ele disse que não se incomoda já que esta sempre falando com eles e tem suas folgas para visitá-los.
Realmente Polin tem razão nesse lado “ruim” porque a amizade criada em Cuba ao redor da fogueira, rum, charuto, violão e a brisa do Caribe fazem com que tudo isso seja para sempre, inesquecível e imortal.

Um comentário:

  1. Texto da Zorra... Essa Zorra vai virar um Livro, e apesar de ler tudo, Pago por esse livro, só pra ler de novo...
    A cada dia que passa vc escreve melhor.

    Parabens Ramon: Hasta La Victoria Siempre!


    Ednei

    meu blog: http://arteevidaplatonica.blogspot.com.br/2011_02_01_archive.html

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