2019 - 4/1 - 1º Dia


Cheguei à Maior das Antilhas. Escrevo essas linhas às 1h23 de uma madrugada quente. Pousamos às 21h45 em Havana. Noite linda, muito calor. No caminho para casa conversei com o taxista que me deu sua opinião sobre diversos assuntos. O que mais se fala na Ilha atualmente é sobre a Nova Constituição que segundo ele apresenta um belo futuro pela frente. De dia ele trabalha com vendas de materiais de construção e a noite faz viagens de taxi. Tem um filho de 6 anos e não trocaria de país, mas aceitaria visitar outras nações como turista.

No caminho muita gente pelas ruas, a maioria de jovens, alguns com violões nas costas, mostrando a cara da juventude boemia cubana. E nenhum deles moradores de rua. “Não existe moradores de rua em Cuba. As pessoas que passam alguma dificuldade, sequer ficam na rua por uma noite, pois lhe dão abrigo” disse o amigo taxista Ezequiel.

Chegamos à casa, estilo colonial, pé direito muito alto. Ao acordar pela manhã fui direto à casa de Isabel que estava muito ocupada organizando as viagens de diversos brasileiros. Isabel mesmo com idade avançada continua sua colaboração para que os turistas brasileiros sejam bem recebidos. Combinei com ela de voltar no outro dia para conversar com Luis, seu marido, que tinha saído para apresentar um museu a um grupo de brasileiros.

Imagem da Calle Águila, no Centro de Havana e próximo ao Capitólio

Segui pela Calle Obispo, relembrando oito anos atrás quando fiz o mesmo percurso. Muitas lojas novas, principalmente de roupas (como Puma e Adidas) e eletrodomésticos. A principal mudança que vi até agora foi de que as pessoas estão conectadas pelo celular o tempo todo, principalmente os jovens. Fazem dois meses que chegou o serviço de internet 4G com cobertura em todo o país, o que já fez essa mudança comportamental nos cubanos.

Consegui achar a casa de Nelson e comprei alguns charutos. Perto dali tem uma cervejaria onde foi o local perfeito para dar uns tragos no charuto. O lugar é um galpão a beira do porto. Acredito que ali era algum armazém e agora um complexo gastronômico com cervejaria suíça e churrasco cubano. Um grupo de salsa formado apenas por mulheres estava se apresentando, deixando aquele dia cada vez mais mágico.

O aumento do acesso à internet é a mudança mais visível na sociedade cubana
Regressei à casa para encontrar um pessoal que havia chegado do RJ. Fomos comer uma pizza (15 pesos cubanos, cerca de 2R$) e tomar um refri, pois eles  são viciados em Coca Cola, mas em Cuba predomina os nacionais Tukola e Tropicola.

Descansamos e partimos para a noite. Após andar muito conhecemos um jovem cubano, Randy, que nos levou a um lugar para comprara cerveja e depois fomos a uma danceteria chamada Industria 8. Frequentado por cubanos em maioria e por alunos de escolas de danças da região, deixando a noite perfeita na companhia de lindas jovens cubanas que bailam muito. Até eu entrei na dança, sem muito sucesso, mas feliz por participar. O lugar é aconchegante, lembra um pub, mas com as particularidades caribenhas e com uma pista de dança. Custa 5 CUCs para entrar, com direito a um drink.

Entrada da danceteria Industria 8, na rua que leva o mesmo nome

Conversando com Randy, ele disse que Cuba é o melhor país do mundo, mas que os salários são muito baixos. Randy trabalha numa fábrica de charutos e é fa de basquete, inclusive tem uma tatuagem da Air Jordan num dos tornozelos e disse que tem uma coleção de tênis da Nike.

Voltamos para casa as 2h da manhã e encontramos alguns barzinhos e lanchonetes abertas pela rua.



19º dia – 7 de fevereiro


Último dia na Ilha. A brigada nos levou a lugares onde pude ver de perto que o sistema social realmente funciona. Com todos os cubanos que conversei querem sim abrir a economia para melhorar a situação financeira e reconhecem que eles mesmos precisam mudar algumas posturas e todos têm confiança de que assim Cuba será um modelo de desenvolvimento econômico mais justo. Porque o social é o melhor do mundo, não levando em conta os países exploradores.

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Última imagem de Cuba antes de "desaparecer" no oceano

18º dia - 6 de fevereiro


O acampamento está quase vazio. Sobraram alguns brasileiros e chilenos. Aproveitamos para ficar um bom tempo na internet. Os cubanos que mais fiz amizade chama-se Ibrahim. Ele trabalha como segurança no acampamento, é ex-lutador de boxe e nos contou sobre suas viagens internacionais enquanto atleta. Só me lembro de ele ter citado a Suíça como um dos países que conheceu para defender as cores de Cuba.

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Antes da maioria ir embora, uma foto com toda a Brigada para a recordação

17º Dia – 5 de fevereiro


Hoje pudemos escolher entre ir para Varadero ou Havana. Como já conheci a praia do Carie e não vim a turismo fui para a cidade e ojala foi o melhor dia e cansativo também. Eu e Saulo fomos a casa de Natasha entregar uns presentes que o amigo do Saulo mandou para ela e sua família. É um apartamento num conjunto habitacional, mas muito mais espaçoso que os do Brasil.  

Começamos a conversar e Michel me explicou como são as taxas de água, luz e telefone e até mostrou a conta. As três juntas ficam em torno de 150 pesos nacionais, cerca de 6 dólares. A casa é muito bonita com home teather, TV grande, duas geladeiras na cozinha. Ele conseguiu trazendo da Argélia onde serviu por dois anos. Na casa moram quatro pessoas e três trabalham. Ana (mãe) é professora, Michel é fisioterapeuta e Natasha trabalha no Ministério das Relações Exteriores. Isso me convenceu de que os cubanos trabalhadores e que estão lado a lado da Revolução tem um melhor padrão de vida e merecido.

Michel nos deu uma aula sobre os problemas da Ilha desde as casas até o transporte público. Ele e Ana estão confiantes de que Raul está levando Cuba no caminho certo e que só agora o país está sendo motivado 100%a produzir e não esperar tudo sentado como na época da URSS. A Ana me deu alguns exemplos de como naquela época Cuba importava cebola e frutas da URSS e que atualmente o caminho é produzir de tudo já que á terra em Cuba é fértil. Para ambos se o projeto de liniamentos foi seguido a risca será ótimo.

Um dos grandes problemas enfrentados pelas habitações são os furações que acabam esgotando as matérias primas que seriam necessárias para a construção e são usadas para reforma. Segundo Michel o maior parceiro de Cuba é a Venezuela que além de fornecer petróleo, emprega muitos cubanos e uma parte do salário vai para o governo.

Ele nos deu exemplo de que aqui a punição funciona e citou um caso de um ex-ministro que ainda está preso por desvio de recursos. Michel também salientou o que Jobel havia divo sobre a Revolução Energética e mais: explicou que foram construídas várias plantas de energia e quando uma está extrapolando outra é ligada e assim por diante para haver equilíbrio.

Sobre o judiciário explicaram que os juízes são eleitos por concurso e há julgamentos com civil escolhidos por bons exemplos, semelhante ao nosso júri.

Ana contou que quando foi assaltada, graças a eficiência da polícia e as testemunhas, três dias depois ela fez o reconhecimento do criminoso que era menor de idade e por ser reincidente pegou oito anos de prisão. Ela contou que no primeiro delito a punição é leve, praticamente uma advertência, mas quando volta a cometer o delito a punição já é mais pesada.

Sobre o turismo, Michel reconheceu que é grande e lembrou que Fidel não concordava com a volta do turismo e dizia que com isso vem uma “cauda” inevitável de drogas, corrupção e prostituição, e por isso os cubanos(as) no começo da volta do turismo não frequentavam hotéis.

Michel é o primeiro cubano que conheci que tem carro. Ele comprou depois que voltou da Argélia. O governo beneficiou-o com 4 mil dólares e uma licença para comprar o carro. Segundo ele, no mercado daqui sairia 25 mil CUCs (dólares). Ana explicou que geralmente os carros são um “presente” para médicos, professores, militares, etc, ou seja, para quem quer fazer a Revolução seguir triunfando.

Já de volta ao acampamento, a noite conversando com os motoristas, Roberto me contou que as crianças quando escolhem fazer algum tipo de esporte com equipamentos caros ou de música ganham os mesmos sem custo algum.

16º dia – 4 de fevereiro


No dia 4 aconteceu a Festa Sul-americana no acampamento. Cada país dividiu-se em grupos para preparar comidas e bebidas típicas de cada país, assim como capricharam na decoração para apresentar cada nação.

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As festas no acampamento eram sempre muito animadas
A festa foi uma delícia com todos dançando, bebendo, comendo, se divertindo. A turma do Brasil puxou uma bela ciranda que foi agregada com os hermanos presentes, fazendo uma enorme e linda ciranda de sonhadores de um mundo melhor.  

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As pequenas dançarinas cubanas 

15º dia - 3 de fevereiro

Saímos do acampamento para Havana num dia livre. Fomos até a Bodeguita Del Medio, calle obispo onde comemos uma pizza a 5 pesos cubanos e depois para a Casa da Amizade onde vimos uma apresentação de dança do famoso grupo infantil chamado La Colmenita.



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La Bodeguia Del Medio, um dos mais famosos de Cuba
O grupo existe desde meados dos anos 1990 com diversas companhias espalhadas pelo país e atualmente conta até com uma filial em Sevilha, na Espanha. Entre as apresentações internacionais está a participações em países como Rússia, Turquia, Dinamarca, entre outros.

Em 2007 o grupo tornou-se o primeiro grupo de dança cubano e no mundo que recebeu o título de Embaixador da Boa Vontade pela Unicef.

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Apresentação na Casa da Amizade