7/1/2019 – 4º dia

Tirei o dia para visitar a praça da Revolução. Ali está localizado o Memorial a José Marti, principal líder da independência cubana e patrono da Revolução, segundo o próprio Fidel Castro.

A praça é um ponto histórico onde Fidel fez os principais discursos durante sua vida para milhões de cubanos que se aglomeravam no entorno para ouvir o comandante que ficou também famoso por seus longos discursos.

Local onde Fidel realizou seus discursos diante de milhões de cubanos












Ali também se tornou um ponto turístico por ser um ótimo lugar para tirar fotos por causa dos prédios com os rostos do Che e Camilo Cinfuegos que abrigam alguns ministérios cubanos.

No mesmo local está o Mirador (mirante), ponto mais alto de Cuba com 40 andares (cerca de 120m de altura) e de onde pode-se ter uma linda e ampla visão de Havana.

A linda visão do mirante onde pode-se ter uma noção em 360 graus de Havana

Hoje é o dia da volta as aulas e com isso uma legião de jovens cubanos ocupam as ruas com seus lindos uniformes. Nenhuma criança está fora da escola em Cuba e o custo do uniforme e materiais escolares são subsidiados pelo governo.

Os estudantes cubanos sempre elegantes 

Na ilha caribenha, onde a educação tem sido absoluta prioridade desde a revolução de 1959, há um sistema educativo eficiente e com professores de alto padrão. Cuba é, no mundo, o país que mais investe em educação, reservando para isso 13% do seu orçamento nacional*. 



Escola Primária José Marti na Calle Obispo

Segundo relatório publicado recentemente pelo Banco Mundial, “Cuba é internacionalmente reconhecida por suas vitórias no campo da saúde e da educação, com um serviço social que supera a maior parte das nações em vias de desenvolvimento e em certos setores se compara aos países de maior desenvolvimento no mundo. Desde a revolução em 1959 e a criação de um governo comunista, o país criou um sistema de serviços sociais que garante acesso total á educação e à saúde. Esse modelo permitiu à ilha conquistar uma alfabetização universal, acabar com certas doenças, dar acesso geral à água potável e saneamento básico, tendo uma das taxas de mortalidade mais baixa do continente e uma das mais altas expectativas de vida”.


6/1/2019 – 3º dia


Pela manhã fomos numa rua no bairro Vedado que passou por uma transformação e se tornou um ponto turístico. A Callejon de Hamel é uma rua repleta de graffitis e obras com materiais recicláveis, ressaltando a cultura afro-cubana. Assistimos a uma apresentação de rumba e apreciamos a beleza do local. O lugar fica lotado aos domingos, dia que fomos, por conta das apresentações de rumba. Tudo começou nos anos 1990, quando um vizinho pediu para Salvador Gonzáles Escalona, idealizador do projeto, pintar a fachada de sua casa. Dali por diante todo o bairro passaria por uma transformação artística inspirada na cultura africana.

Aos domingos o lugar fica completamente cheio para acompanhar os shows de rumba

Após, almoçamos no restaurante Fantasia, um excelente paladar (restaurante) cubano onde se come muito e barato. Paguei 2 CUC (U$) num prato com congri, frango, salada, batata, cenoura e banana frita. A quantidade era tanta que estávamos em quatro pessoas (eu, Paty, Café e Marcella) e as duas meninas conosco não conseguiram comer tudo. O garçom do local nos perguntou todo sem graça se elas não tinham gostado, mas as meninas explicaram que elas não comem muito, por isso sobrou tanto. O amigo cubano contou que o restaurante atende muitos cubanos e para eles a quantia no prato tem que ser bastante, pois são bons de garfo.

Muros e até os postes viram obras de artes a céu aberto

Voltamos caminhando e paramos numa praça com Wi-Fi. Desde a primeira vez que vim (em 2011) essa foi a principal mudança que reparei. Muitas pessoas passam horas por dia nessas praças navegando na internet pelo celular. Também tem muitas lojas novas trazendo mais opções de marcas de roupas, eletrodomésticos, produtos de beleza, limpeza, etc. Assim como há novos restaurantes, mais modernos, bonitos e que são frequentados tanto por cubanos quanto por turistas, como El Cubanito e Galya Café.

No restaurante Galya Café tomando o tradicional refrigerante de cola cubano.  Local novo, ótima comida e preços em conta

No caminho visitamos uma escola que estava nos últimos preparativos para receber os alunos de volta ao ano escolar a partir do dia 7 de janeiro. Colégio muito simples, arquitetura antiga, mas preservada. A grade de programação dos alunos me chamou a atenção. O período escolar é integral, ou seja, as crianças passam o dia inteiro na escola. Recebem alimentação de manhã e a tarde e tem até hora da soneca para os menores. A educação em Cuba é prioridade para todos, por isso tem altos índices escolares e nenhuma criança fora da escola.

Grade curricular de um colégio cubano

Passamos em frente a um prédio da assistência social para famílias cubanas. Um serviço importante que oferece comida e abrigo para aqueles que mais precisam. Assim o povo cubano vive com mais dignidade que nós brasileiros. Tanto em 2011 quanto em 2019 não vi uma família sequer dormindo nas ruas. Cuba é um país pobre, mas oferece o mínimo para as pessoas viverem, além de não ter violência e oferecer oportunidades iguais para os cidadãos se desenvolverem física e intelectualmente.


A noite tomamos uma torre de cerveja na Plaza Vieja e voltamos à casa, mas antes de dormir ainda paramos no boteco “Casa Grande” que fica quase em frente aonde estava hospedado para conversar com cubanos e tomar mais alguns drinks.

Bar "Casa Grande", na esquina da rua onde fiquei hospedado

Conversei muito com o Jorgito, vulgo El Crocodillo, que ficou surpreso ao contarmos como é a violência no Brasil. Ele então pediu a palavra e disse que em Cuba isso também acontece. Eu e Café ficamos preocupados e atentos às suas palavras. “Será que escondem a violência em Cuba de nós?”, pensamos.


Ele contou que no centro de Havana, nos lugares com mais turistas a segurança é reforçada, porém em alguns lugares se você estiver com uma correntinha de ouro por exemplo deve-se tomar cuidado para não ser furtado. Então perguntamos quantas vezes isso acontece por ano e a resposta foi que ocorrem no máximo 3 furtos por ano, sem uso de armas brancas ou de fogo, pois o mais perigoso é sair na mão com o criminoso. 

Quando Jorgito falou isso ficou clara a diferença da sociedade cubana e brasileira. O brasileiro prefere viver um falso luxo do capitalismo, enquanto os cubanos gozam da tranquilidade da vida socialista. 


Jorgito explicou que após a morte de Fidel houve um aumento significante de turistas, o que lhe preocupa, pois Cuba tem poucos recursos materiais e o turismo acaba sendo prioridade, fazendo com que as reformas de ruas e imóveis demorem mais para acontecer. Conheci também uma cubana que estava muito triste se lamentando, pois foi traída pelo marido depois de 8 anos de relacionamento. Ela estava toda vestida de branco e passando por uma fase de Oboay que faz parte de um dos rituais da Santeria, religião afro-cubana.


Casa Grande funciona 24h por dia, o autêntico boteco cubano

Assim como em outros lugares, os cubanos não querem mudar o sistema, mas gostariam que os salários fossem mais altos, pois as ofertas em Cuba estão crescendo, mas os salários permanecem baixos. O que faz do turismo um papel importante nesse processo, pois enquanto o bloqueio continuar, essa é a melhor forma das famílias levantarem uma grana e comprarem produtos tecnológicos, como celular e acesso à internet.

Obs: meses depois da minha viagem o governo cubano anunciou o aumento no salário dos trabalhadores. A média salarial saltou de 600 pesos cubanos para 1600 pesos, sendo o menor salário de 400 pesos e o maior de 3000 pesos. Por exemplo: um professor que ganhava 555 pesos passa a ganhar mais de 1400. Um jornalista que ganhava 385 pesos vai ganhar mais de 1300 pesos.Veja no vídeo abaixo o pronunciamento do presidente de Cuba sobre os novos vencimentos. 


2019 - 5/1 - 2º Dia


Tirei o dia para resolver a programação até o fim da viagem. Ficarei três dias em Varadero, três dias em Santa Clara e regresso para Havana.

Da esq. para dir.: Eu, Café, amiga cubana, Marcella e Paty

Luis e Isabel como sempre ajudaram dando dicas do melhor roteiro. Estavam lá três brasileiros, Carlos Café, Patricia e Kelly, todos de São Paulo. Ao lado deles, durante a noite, fui a uma das festas mais incríveis da minha vida. O local da balada era um forte do século XIX. Frequentado por cubanos, o local toca música reggaeton. Fica no Malecon e a vista do terraço é incrível, com o olhar se perdendo no oceano. Ficamos até as 2h e antes de dormir paramos para comer uma tradicional pizza cubana na lanchonete El Cubanito, sempre cheia de clientes. As pizzas custavam entre 40 e 100 pesos cubanos, sendo a mais barata cerca de 2U$ ou 8R$. 



Funcionando até a madrugada, a lanchonete El Cubanito é sucesso entre cubanos e turistas

Mais cedo, Luis nos contou sobre os avanços na tecnologia de Cuba. A empresa brasileira Souza Cruz trouxe para Cuba uma nova tecnologia que vai expandir a produção de cigarros. Na área de energia, Cuba está produzindo painéis solares em conjunto com a China que em breve devem ser uma importante fonte de energia, junto da eólica que também está crescendo.

Nos últimos anos Cuba está melhorando e aumentando as ofertas de consumo