As impressões entre 2011 e 2019

Graças ao turismo e novas relações com países pelo mundo, Cuba está se modernizando e gerando novas ofertas de consumo, novos empregos e até novas indústrias, como a construção de painéis solares para geração de energia e empresas que fabricam produtos de limpeza, higiene, alimentos, roupas e aparelhos eletrônicos. Ao mesmo tempo em que os salários seguem sendo a maior reclamação sobre a vida em Cuba, e para muitos a única. Os rendimentos são baixos do ponto de vista dessas novas ofertas de produtos eletrônicos, roupas de marca e até produtos de limpeza e higiene importados e algumas marcas que já fabricam em Cuba, como a Lux de higiene pessoal. 

O custo de vida para coisas essenciais continua baixo, consumindo pouco do salário para despesas como água, luz e telefone, além da continuação da “libreta” que proporciona uma cesta básica para todo cidadão, garantido que todas as famílias tenham comida na mesa.


Meses depois da minha viagem o governo cubano anunciou o aumento de até três vezes nos salários dos trabalhadores cubanos. Vale ressaltar que os preços de produtos e serviços não aumentaram. A média salarial saltou de 600 pesos cubanos para 1600 pesos, sendo o menor salário de 400 pesos e o maior de 3000 pesos. Por exemplo: um professor que ganhava 555 pesos passou a ganhar mais de 1400. Um jornalista que ganhava 385 pesos, agora ganha mais de 1300 pesos.

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A oferta e variedades das lojas em Cuba aumentou e muito na última década

Saúde e educação continuam de graça e são motivos de maior orgulho do povo. Outro motivo de muito orgulho é a tranquilidade do cotidiano em Cuba. Um país praticamente sem violência, em que qualquer pessoa pode andar na rua sem precisar ficar preocupado se alguém vai te assaltar, te estuprar ou te agredir, casos que acontecem a cada minuto no Brasil seja por machismo, homofobia, racismo, etc.


Existem pessoas e famílias morando na rua em Cuba? Não, mas existem pessoas que dormem na rua. Nas duas semanas que fiquei em 2019 vi em apenas um dia, duas pessoas dormindo na rua. Foi perto da lanchonete El Cubanito que fica aberta até madrugada. Já era tarde da noite e percebi dois policiais vindo andando pela calçada e inevitavelmente iriam cruzar com os dois que estavam dormindo. Ao se deparar com os dois, os policiais argumentaram entre si, gesticulando bastante (como é de costume dos cubanos), e seguiram caminhando. Deu-me a impressão de que eles já conheciam os dois, pareciam emburrados por encontrá-los naquela situação, mas seguiram em frente. Logo me veio a recordação da violenta repressão no Brasil contra moradores de rua, principalmente na metrópole paulistana em que usam até jatos de água para “espantar” as pessoas do local onde elas dormem. 

Conversando depois com Luis e Isabel que moram próximos dali, me disseram que trata-se de um casal de idosos gay. Ambos tem família, casa, mas preferem dormir na rua. Por que? Talvez sofram preconceito da família, talvez já sofreram algum preconceito nos albergues espalhados por Cuba voltados para pessoas em dificuldade, na maioria dos casos idosos. Em casos assim, normalmente a polícia juntamente de assistentes sociais encaminham essas pessoas para um albergue, principalmente se fosse uma noite chuvosa ou se tivesse passando um furacão que poderia colocar a vida dessas pessoas em risco. Tanto é verdade que passam dezenas de furacões por ano em Cuba e sem vítimas fatais. Já no Brasil, por exemplo, vemos casos constantes de vidas que se perdem por conta de uma tempestade.

Então o governo cubano obriga as pessoas a irem para um albergue? Lógico que não, o que vivenciei evidencia isso. Casos assim são tão raros em Cuba que costuma-se dizer que num quarteirão no Brasil há mais pessoas dormindo na rua do que em todo território cubano.  O certo é que o outdoor na saída do Aeroporto Internacional José Marti com os dizeres “No mundo há milhões de crianças dormindo na rua. Nenhuma delas é cubana” continua sendo a maior verdade e o maior exemplo da vida digna proporcionada pelo socialismo cubano.


Atualmente há celulares e internet por toda parte, o que me preocupa, pois vivemos no Brasil recentemente o pior que essa ferramenta pode fazer com a difusão de mentiras (fake news) pelas redes sociais que fizeram um fascista como Bolsonaro ser eleito.

O povo cubano desenvolve nos últimos 60 anos o melhor projeto socialista da história

Mas os cubanos se dizem conscientes disso e que sua juventude é educada e politizada para enfrentar essas mentiras e separá-las das verdades. Cada vez mais cresce o número de youtubers em Cuba. Basta uma rápida busca que você vai encontrar dezenas, talvez centenas de jovens cubanos que compartilham o cotidiano de suas vidas no YouTube. Certamente isso trará vislumbre e ilusão proporcionadas pelo capitalismo para muitos desses jovens, mas como disse são centenas de pessoas, enquanto o país tem milhões trabalhando diariamente para desenvolver e avançar com o projeto socioeconômico cubano. 


Nesse campo da internet e nessa nova realidade de interagir com o mundo, os Jovens Cubanos de Computação são as pessoas mais importantes nesse processo, pois são elas que estão ensinando os cidadãos a acessarem a internet e principalmente como usá-la de forma que se previna contra os perigos causados pelas mentiras propagadas pelas redes.


Confio e muito na Revolução e sei que o povo cubano jamais vai abrir mão das conquistas sociais, mas o Império Norte-Americano seguirá como maior inimigo da liberdade e tranquilidade conquistada pelos cubanos e aumentará o investimento na propaganda contrarrevolucionária na internet que já mostrou ter poder de derrubar governos e voltar o povo contra si mesmo. 

Veja mais fotos e vídeos exclusivos: https://www.facebook.com/DiarioDoRamonEmCuba/


17/1/2019

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O povo cubano é muito orgulhoso de sua história e gosta de exibir esse patriotismo das formas mais variadas
Último dia. Nessa segunda passagem em Havana nessa viagem fiquei hospedado na casa de Theodora, uma senhora de 70 anos que vive num lindo sobrado e aluga quartos para aumentar a renda.

Ela me chamou para um café antes de ir embora e ficamos conversando. Theo me contou que seu neto está no curso pré-vestibular para fazer Relações Públicas na faculdade e que pretende seguir na carreira de diplomata. Apenas com 16 anos, o jovem cubano é um comunista ferrenho, daqueles de bater na mesa e saber tudo sobre a história da Revolução.

A lan house oferece os mais modernos e diversos jogos de computador e simuladores 3D

Antes de ir embora, fui registrar as últimas imagens de Havana. Perto de onde eu estava, existe uma lan house chamada Ludox. Criada pelos Jovens Cubanos de Computação em 2018, o local oferece acesso a internet e jogos de computador, tablets e simuladores 3D. A um preço bem acessível, cerca de 15 a 30 pesos cubanos por hora (25 pesos cubanos = 1 CUC/ US$), a sala de jogos costuma estar sempre cheia de jovens se divertindo com os mais diversos jogos, a maioria deles desenvolvidos pela própria instituição.

E pensar que tudo começou em 1987, quando foi criado o coletivo Jovens Cubanos de Computação, uma organização subsidiada pelo governo que busca o desenvolvimento da tecnologia e proporcionar o acesso da mesma ao povo cubano. A instituição está sediada no centro de Havana num prédio onde milhares de jovens tem acesso à internet, jogos e cursos de tecnologia.


No caminho para o aeroporto fui conversando com o taxista Alex. Durante o trajeto, logo no último dia, descobri que existe a Agencia Cubana de Rap, uma espécie de Casa do Hip-Hop Cubano. Um prédio de três andares em que jovens e adultos se reúnem diariamente para fazerem oficinas dos elementos da arte (MC, DJ, break e graffiti), gravações de músicas, clipes, ensaios e apresentações. 


Foto: Caleb Krivoshey

A casa existe desde 2002 e está ligada ao Ministério da Cultura de Cuba que apoia no desenvolvimento das atividades. Assista abaixo uma entrevista com a então diretora da Agencia Cubana de Rap, Magia López.



16/1/2019


Saí com Luis e um casal de brasileiros (Alex e Carol) para um passeio em Havana. Luis mora atrás do Capitólio, bem no centro de Havana e perto de lugares históricos.

Começamos pela fábrica de charuto Pardagas, uma das mais importantes de Cuba e que hoje passa por uma reforma. Ali fabricam diversos charutos cubanos.

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A fábrica de charutos Pardagas fica ao lado do Capitólio, no Centro de Havana 

Luis contou que após a Revolução, Fidel pediu para Camilo Cinfuegos que se seleciona cerca de 20 mulheres que trabalhavam como prostitutas para desenvolver o charuto “Cohiba”, atualmente o mais cobiçado no mundo que contou com Fidel como garoto propaganda, pois além de fumar ele dava de presentes aos diplomatas e autoridades de outros países que o visitavam.

Ao lado encontra-se o Palácio da Computação Cubana que atende milhares de estudantes por ano e desenvolvem os softwares usados em Cuba e que até estão sendo exportados para outros países.

A frente está a Praça dos Libertadores com as principais figuras que ajudaram na independência dos países latino americanos, como Bolivar, e pelo Brasil José Bonifácio e Tiradentes. O mais curioso é que o diplomata brasileiro que participou da inauguração dessa obra nos anos 1920-30 foi o avô de Collor de Melo.

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A Praça dos Libertadores de Cuba é uma história sobre a independência dos povos latino americanos

Fomos ao Museu da Revolução que se visitássemos sem Luis não teria a mesma graça, pois a cada obra ele explicava com detalhes a história.

Ele nos confidenciou que em Cuba existem túneis espalhados pelo país carregados de armas, tanques e até aviões que estão prontos para serem usados em caso de invasão por outro país e que ele participou dessas obras após voltar da Guerra da Angola nos anos 1980.

Sobre a Nova Constituição, segundo Luis está mais socialista e democrática, com mudanças nas repartições de poder, o que diminui a burocracia entre municípios, província e poder central (União). Com a mudança, deixa-se de existir as assembleias provinciais e as decisões passam diretamente das assembleias municipais para a Assembleia Nacional.

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Periodicamente as escolas levam os alunos para conhecer os museus de Cuba, principalmente o Museu da Revolução

Agora em Cuba são autorizadas pequenas e médias empresas, mas com limite de contratação de mão de obra e sem poder abrir mais de uma empresa por pessoa, além de altos impostos para essas atividades.

Luis deu como exemplo ele mesmo, que por receber turistas em casa é considerado pequeno empresário e que antes pagava 10% de imposto e agora pagará 30%. Quanto maior o negócio, maior o imposto.

Nenhum cubano pode ter mais de uma casa ou negócio no próprio nome. Os camponeses são os melhores assalariados de Cuba, pois além de terem subsídios do governo, podem vender as mercadorias diretamente para os hotéis que pagam em CUC (dólares) gerando um lucro muito maior. “Os ricos em Cuba são os camponeses, o que não acontece em nenhum outro lugar do mundo”, falou Luis.

15/1/2019


Tirei o dia para comprar as lembranças aos amigos do Brasil. Existem muitas opções de presente, desde artesanato, à boina de Che, o boné de Fidel, roupas, rum, charuto e muito mais.

Comprei tudo na Calle Obispo. Boina por 5 CUC, pulseira 1 CUC, caneca e uma camisa guayabera (tradicional em Cuba) por 50 CUC, além dos runs que saíram entre 2,80 CUC e 7 CUC, dependendo do tamanho da garrafa e envelhecimento da bebida.

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Toda semana forma-se uma fila gigantesca para comprar ingressos para as peças do Grande Teatro de Havana

Quando estava indo às compras me deparei com uma imensa fila no Grande Teatro de Havana. Ao perguntar me disseram que é comum as pessoas fazerem fila para comprar entradas para espetáculos e naquela ocasião tratava-se da venda de ingressos para ver a Cia. de Ballet de Cuba que apresentaria a peça “Cisne Negro”. O valor da entrada: 30 CUC para turistas e 30 CUP para cubanos.


Num dos dias em que sai pela manhã pela capital cubana, presenciei uma sessão de fotos de uma bailarina no meio da rua, perto do Capitólio e do Grande Teatro de Havana. Em Cuba, a cultura é livre. Ninguém é impedido pelo Estado de se expressar, seja da forma que for. O conhecimento é a maior riqueza, por isso Cuba seguirá triunfando eternamente.

14/1/2019

Saímos de Santa Clara para Havana num táxi compartilhado com o motorista Juan. Ele faz esse trajeto todos os dias e cobra 25 CUC por pessoa. Estávamos em quatro no carro.

As estradas pareciam melhores em 2011 ou talvez seja o trajeto diferente. Mesmo assim Juan foi rápido todo o tempo e com reggaeton sempre nas alturas. O carro era um Renault dos anos 1990.

Cardápio temático e original, 
com uma bela vista para o oceano
Depois de descansar após a viagem, fomos a um restaurante soviético no Malecon chamado Nazdarovie, perto do Morro, descendo a Av. Prado. Repleto de quadros sobre a URSS e um cardápio soviético, dá para respirar um pouco do ar russo em pleno Caribe. Eu pedi uma cerveja russa e um charuto de carne moída com um molho branco, muito bom. 

Lá estava uma família de brasileiros residentes do centro de Sampa. Eles disseram que ali tinha sido o melhor lugar que comeram até agora e sugeriram como entrada o prato “Viagem a URSS” e o tradicional strogonoff como prato principal. 

Disseram estar surpresos com a tranquilidade em Cuba e que diferente do Brasil pode-se andar nas ruas sem medo de sofrer algum tipo de violência. Eles ainda acreditam que com a abertura da economia, com mais empregos e dinheiro, Cuba torna-se o paraíso.


O restaurante é o símbolo da
forte união entre a URSS e Cuba
Aconteceu uma situação nessa conversa em que mostra como Cuba aflora em todas as pessoas opiniões distintas. No meio da conversa o marido disse que o povo cubano vivia na merda, mas a mulher dele logo interferiu e disse que não, que todos vivem com pouco, mas com dignidade. Eu também dei minha opinião concordando com a moça e falei que com comparação do que tinha visto em 2011, Cuba evoluiu e a tendência é ir avançando aos poucos. 

12 e 13/1/2019


Fiquei em Santa Clara na casa de Idania e Adalberto. Uma casa muito bonita e bem aconchegante, melhor que muitos hotéis. Diferente de Havana, Santa clara é mais tranquila. Fui ao Mausoléu do Che e ao Monumento ao Trem Blindado. Já visitei em 2011, mas sempre há algo mais para aprender. É impressionante o feito de Che e do Exército Rebelde que com menos de 20 homens descarrilhou um trem blindado do exército de Batista carregado de armas e com mais de 400 homens. No Mausoléu do Che estão enterrados os restos mortais do guerrilheiro. No mesmo lugar também se encontra o museu sobre Guevara. Repleto de documentos e pertences do revolucionário durante sua vida. Cadernos de infância, boletins, cantis, máquinas fotográficas, roupas, armas e claro, suas boinas tão famosas. 

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O monumento ao Trem Blindado é parada obrigatória em Santa Clara 

Para comer tem dois ótimos restaurantes. “Sabor e Arte” e “D’gustar”. Paga-se nas duas moedas em Cuba. Ambos são muito frequentados tanto por cubanos quanto por turistas. A média de um prato é 3 dólares (3 CUC’s ou 75 CUP’s). Tanto em Santa Clara quanto em Havana toma-se cerveja entre 1,5 CUC e 2,5 CUC. Refrigerante não custa mais que 1,5 CUC.


Na Praça Central ocorria eventos a tarde voltados para crianças com músicas ao vivo, magicas e brincadeiras. Era final de semana, por isso o local ficava cheio de famílias tirando um lazer.
Incrível como os cubanos estão conectados na internet. Por onde se anda pode-se ver pessoas, principalmente os mais jovens, mexendo no celular.

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Aos fins de semana a diversão é garantida nas praças e parques de Cuba 

Mais que a capital, Santa Clara tem muitos graffitis pelos muros e todos trazem uma crítica social ou política.

Adalberto que nos hospedou é chef de cozinha de um dos restaurantes da cidade. Sua família possui duas casas com aluguel de quartos para turistas e com esse dinheiro ele já viajou para países como Espanha e EUA. Sobre o sistema cubano ele diz que apesar das dificuldades quer apenas ir a outros países como turista.



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Cada vez mais cresce em Cuba a arte urbana de graffiti, sempre com uma crítica social

Ele contou que a carne de porco em Cuba é uma das melhores do mundo, pois os animais são criados com ração orgânica, sem hormônios e por isso tem um sabor mais gostoso. Do mesmo modo são criados frangos e bois. O chef confidenciou-me o segredo do Congri, prato típico cubano. Cebola, alho, salão, feijão preto, arroz integral, folha de loro e cominho apenas no final antes de fechar a panela para cozimento.


Na noite do dia 13 fui com amigos brasileiros que conheci durante a viagem no bar e restaurante Café-Museo Revolución que fica ao lado do Monumento do Trem Blindado. O lugar é um verdadeiro museu, com quadros, fotos, bandeiras, pertences da guerra da Revolução e até alguns documentos históricos sobre Cuba. As funcionárias do bar muito atenciosas e simpáticas e ao saberem que éramos brasileiros até puxaram conversa para falar sobre o momento que passamos com o golpe em Dilma e a prisão de Lula. Com uma das garçonetes com quem conversei, aparentemente com uns 25 anos, ela me disse que estava muito contente e confiante no desenvolvimento da América Latina com os governos de esquerda, mas que agora está preocupada com o avanço da direita e os golpes constantes nos governos eleitos democraticamente.

Café-Museo Revolución com amigos

Ali também conheci um senhor negro por volta dos 45 anos chamado Moisés que levava uma cerveja artesanal para o bar chamado Bruja, só comercializada na região de Santa Clara. Uma cerveja muito boa e preço em conta. Cada garrafa long neck custava 2 CUC. Com ele também conversei bastante. Ele trabalha com a distribuição dessa cerveja e também é uma espécie de pai de santo da religião cubana santeria, uma espécie de candomblé no Brasil. Muitas pessoas que passaram por ele no bar enquanto conversávamos pararam para pedir uma benção que foi prontamente atendida com um banho de fumaça de charuto, algumas palavras e cumprimentos religiosos. Como regalo (presente em espanhol) ele nos deu alguns charutos Romeu y Julieta, uma das melhores marcas de Cuba. Como gratidão, eu paguei algumas cervejas Bruja para ele enquanto conversávamos madrugada adentro falando sobre a vida, futuro, passado, presente, sonhos e esperanças de um mundo melhor. 

9,10 e 11/1/2019

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Muitos hotéis em Varadero tem saídas para o mar

As 7h25 em ponto partiu o ônibus saindo do Hotel Plaza no centro de Havana com destino a Varadero, uma das praias mais bonitas do mundo, segundo o site de turismo Trip Advisor.

Fiquei no hotel 5 estrelas chamado Meliá Peninsula Varadero. Um resort gigante com duas piscinas, quatro bares, três restaurantes, com saída para o mar, passeios de escuna, pedalinho e windsurf inclusos no pacote (all inclusive).

Os hotéis trabalham com sistema all inclusive que consiste em ter direito a consumir bebida e comida 24h por dia, além das três refeições tradicionais (café da manhã, almoço e janta).

Vou contar um “segredo” para quem quer ficar em hotel de luxo e pagando barato. No centro de Havana, no Hotel Plaza, funciona uma agência de viagens estatal voltada para os cubanos, mas eles também vendem pacotes para turistas.

Ali você encontra ofertas nos melhores hotéis de Varadero por menos da metade do preço cobrado no balcão. Tanto que fiquei 3 dias num hotel 5 estrelas por 80 CUC ao dia. No hotel a mesma diária ficaria por 200 CUC. 

É muito bom ficar uns dias nesses hotéis para relaxar e esquecer um pouco os problemas, mas estando em Cuba senti falta do calor humano de Havana. Eu era o único brasileiro no hotel naqueles dias e fiquei observando o comportamento dos gringos.

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Vista aérea do hotel (Créditos: Divulgação)

Os mexicanos são mais calorosos, os europeus frios, os canadenses alegres e simpáticos, e os norte-americanos descontraídos e até um pouco bobos.

Um episódio para envergonhar qualquer brasileiro com caráter. Um dos funcionários que leva as malas me mostrou uma nota de 5R$ que um brasileiro lhe deu no hotel dizendo que valia 5U$. Não precisa nem falar que é mentira né. O jeitinho brasileiro atravessando continentes.

8/1/2019


Logo pela manhã já estava marcada uma atividade. O recebimento da Caravana da Revolução, mas como atrasou fomos para outras atividades. Com o taxista Ismael como guia fomos para três lugares: Muraleando, Casa de Ernest Hemingway e o Museu da Denúncia.

O Muraleando é um projeto independente que surgiu da vontade da própria comunidade em transformar o bairro que vive através das artes plásticas, principalmente o graffiti. 



O projeto já tem 18 anos, conta com centenas de alunos, muitos com necessidades especiais, e envolve toda a comunidade. Brasileiros já participaram desse projeto, como Os Gemeos e o Thiago Botelho. Em 2014 recebeu o prêmio do Ministério da Cultura de Cuba.

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O projeto começou em meados dos anos 2000

A casa de Ernest Hemingway foi interessante. Ele era um boêmio, aventureiro e escritor. Chegou a fazer uma torre ao lado da casa principal para receber uma amante italiana de 18 anos. Maria, uma das funcionárias da casa, falou sobre a admiração do americano por Cuba e que ele pediu que a casa e o terreno fossem doados ao povo cubano após sua morte.

Hemingway foi tratado como traidor nos EUA por sua admiração por Cuba e a proximidade com Fidel Castro. Chegou a colocar uma metralhadora em seu barco para caçar submarinos nazistas durante a década de 1940 (na Segunda Guerra). Ele suicidou-se após ter depressão e sofrere choques elétricos na cabeça para o tratamento da doença.

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A casa do escritor norte-americano está muito bem preservada

No caminho vimos muitas crianças, jovens e adultos pelas calçadas aguardando a passagem da Caravana que começa em Santiago todo 1º de janeiro e relembra a trajetória que Fidel fez até chegar a Havana com o Exército Rebelde no dia 8/1/1959, ao triunfar a Revolução. As crianças carregam bandeiras de Cuba e cantam músicas saudando da Revolução.

O Museu da Denúncia fica em Marianao, próximo a Havana. Um museu novo, interativo, moderno e que conta as atrocidades cometidas pelos EUA para tentar minar a Revolução. Ao todo morreram 3 mil pessoas, 14 mil crianças foram sequestradas (Operação Peter Pan), houve envenenamento de fazendas, sabotagem à indústria e até mesmo atentado a bomba.

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Cada cruz representa uma vítima dos ataques terroristas contra Cuba

Na mesma hora que estávamos visitando o museu, também estavam presentes alunos norte-americanos visitando o lugar e todos estavam emocionados. Alguns até assustados ao saberem dessas histórias que nunca são mostradas nos EUA.

Ao voltar para casa que estou no bairro perto do Capitólio, vimos que o local onde as crianças treinam boxe estava aberto e ficamos ali acompanhando. É um lugar simples, com um ringue, alguns sacos de pancada e pesos para levantar. O treinador nos contou que aquela era uma turma de iniciantes e que já treinou boxeadores que hoje competem internacionalmente representando Cuba. 

Ainda disse que já treinou jovens que saem dessas academias de bairro e vão para centros esportivos maiores, mas que prefere estar perto das crianças na comunidade.

Conhecemos Marilene que esteve acompanhando o treino. Ela é médica e estava participando do programa Mais Médicos na cidade de Ariranha, interior de SP. A doutora falou sobre o preconceito que sofreu no início, por ser negra principalmente, e que salvou a vida de muitas pessoas com tuberculose, sífilis e até lepra.

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Crianças, jovens e adultos treinam diariamente na academia e boxe

Ela disse que o Brasil da realidade e das novelas é totalmente diferente, pois Cuba transmite novelas brasileiras a décadas e muitos cubanos pensam que o Brasil é daquele jeito. Mas o que a médica mais viu foi um país onde as pessoas que tem um celular e carro novo se acham deuses e que falta muita educação e cultura política para o povo e por isso elegemos Bolsonaro.

A doutora ainda nos mostrou no seu celular as mensagens desesperadas dos antigos pacientes brasileiros que a discriminavam, votaram no “coiso” e agora estão sem o ótimo atendimento que ela prestava.

Sobre a mídia no Brasil, Marilene disse que é mais uma ferramenta para alienar o povo, que só passa violência e nada da realidade e dificuldades do cotidiano. Ela gostou do Brasil, queria ficar mais tempo, mas não levaria a família para morar no Brasil, pois em Cuba todos estão seguros e assistidos pelo Estado. Além do Brasil, ela já trabalhou no Congo em missão médica semelhante ao programa Mais Médicos no Brasil.

7/1/2019 – 4º dia

Tirei o dia para visitar a praça da Revolução. Ali está localizado o Memorial a José Marti, principal líder da independência cubana e patrono da Revolução, segundo o próprio Fidel Castro.

A praça é um ponto histórico onde Fidel fez os principais discursos durante sua vida para milhões de cubanos que se aglomeravam no entorno para ouvir o comandante que ficou também famoso por seus longos discursos.

Local onde Fidel realizou seus discursos diante de milhões de cubanos












Ali também se tornou um ponto turístico por ser um ótimo lugar para tirar fotos por causa dos prédios com os rostos do Che e Camilo Cinfuegos que abrigam alguns ministérios cubanos.

No mesmo local está o Mirador (mirante), ponto mais alto de Cuba com 40 andares (cerca de 120m de altura) e de onde pode-se ter uma linda e ampla visão de Havana.

A linda visão do mirante onde pode-se ter uma noção em 360 graus de Havana

Hoje é o dia da volta as aulas e com isso uma legião de jovens cubanos ocupam as ruas com seus lindos uniformes. Nenhuma criança está fora da escola em Cuba e o custo do uniforme e materiais escolares são subsidiados pelo governo.

Os estudantes cubanos sempre elegantes 

Na ilha caribenha, onde a educação tem sido absoluta prioridade desde a revolução de 1959, há um sistema educativo eficiente e com professores de alto padrão. Cuba é, no mundo, o país que mais investe em educação, reservando para isso 13% do seu orçamento nacional*. 



Escola Primária José Marti na Calle Obispo

Segundo relatório publicado recentemente pelo Banco Mundial, “Cuba é internacionalmente reconhecida por suas vitórias no campo da saúde e da educação, com um serviço social que supera a maior parte das nações em vias de desenvolvimento e em certos setores se compara aos países de maior desenvolvimento no mundo. Desde a revolução em 1959 e a criação de um governo comunista, o país criou um sistema de serviços sociais que garante acesso total á educação e à saúde. Esse modelo permitiu à ilha conquistar uma alfabetização universal, acabar com certas doenças, dar acesso geral à água potável e saneamento básico, tendo uma das taxas de mortalidade mais baixa do continente e uma das mais altas expectativas de vida”.


6/1/2019 – 3º dia


Pela manhã fomos numa rua no bairro Vedado que passou por uma transformação e se tornou um ponto turístico. A Callejon de Hamel é uma rua repleta de graffitis e obras com materiais recicláveis, ressaltando a cultura afro-cubana. Assistimos a uma apresentação de rumba e apreciamos a beleza do local. O lugar fica lotado aos domingos, dia que fomos, por conta das apresentações de rumba. Tudo começou nos anos 1990, quando um vizinho pediu para Salvador Gonzáles Escalona, idealizador do projeto, pintar a fachada de sua casa. Dali por diante todo o bairro passaria por uma transformação artística inspirada na cultura africana.

Aos domingos o lugar fica completamente cheio para acompanhar os shows de rumba

Após, almoçamos no restaurante Fantasia, um excelente paladar (restaurante) cubano onde se come muito e barato. Paguei 2 CUC (U$) num prato com congri, frango, salada, batata, cenoura e banana frita. A quantidade era tanta que estávamos em quatro pessoas (eu, Paty, Café e Marcella) e as duas meninas conosco não conseguiram comer tudo. O garçom do local nos perguntou todo sem graça se elas não tinham gostado, mas as meninas explicaram que elas não comem muito, por isso sobrou tanto. O amigo cubano contou que o restaurante atende muitos cubanos e para eles a quantia no prato tem que ser bastante, pois são bons de garfo.

Muros e até os postes viram obras de artes a céu aberto

Voltamos caminhando e paramos numa praça com Wi-Fi. Desde a primeira vez que vim (em 2011) essa foi a principal mudança que reparei. Muitas pessoas passam horas por dia nessas praças navegando na internet pelo celular. Também tem muitas lojas novas trazendo mais opções de marcas de roupas, eletrodomésticos, produtos de beleza, limpeza, etc. Assim como há novos restaurantes, mais modernos, bonitos e que são frequentados tanto por cubanos quanto por turistas, como El Cubanito e Galya Café.

No restaurante Galya Café tomando o tradicional refrigerante de cola cubano.  Local novo, ótima comida e preços em conta

No caminho visitamos uma escola que estava nos últimos preparativos para receber os alunos de volta ao ano escolar a partir do dia 7 de janeiro. Colégio muito simples, arquitetura antiga, mas preservada. A grade de programação dos alunos me chamou a atenção. O período escolar é integral, ou seja, as crianças passam o dia inteiro na escola. Recebem alimentação de manhã e a tarde e tem até hora da soneca para os menores. A educação em Cuba é prioridade para todos, por isso tem altos índices escolares e nenhuma criança fora da escola.

Grade curricular de um colégio cubano

Passamos em frente a um prédio da assistência social para famílias cubanas. Um serviço importante que oferece comida e abrigo para aqueles que mais precisam. Assim o povo cubano vive com mais dignidade que nós brasileiros. Tanto em 2011 quanto em 2019 não vi uma família sequer dormindo nas ruas. Cuba é um país pobre, mas oferece o mínimo para as pessoas viverem, além de não ter violência e oferecer oportunidades iguais para os cidadãos se desenvolverem física e intelectualmente.


A noite tomamos uma torre de cerveja na Plaza Vieja e voltamos à casa, mas antes de dormir ainda paramos no boteco “Casa Grande” que fica quase em frente aonde estava hospedado para conversar com cubanos e tomar mais alguns drinks.

Bar "Casa Grande", na esquina da rua onde fiquei hospedado

Conversei muito com o Jorgito, vulgo El Crocodillo, que ficou surpreso ao contarmos como é a violência no Brasil. Ele então pediu a palavra e disse que em Cuba isso também acontece. Eu e Café ficamos preocupados e atentos às suas palavras. “Será que escondem a violência em Cuba de nós?”, pensamos.


Ele contou que no centro de Havana, nos lugares com mais turistas a segurança é reforçada, porém em alguns lugares se você estiver com uma correntinha de ouro por exemplo deve-se tomar cuidado para não ser furtado. Então perguntamos quantas vezes isso acontece por ano e a resposta foi que ocorrem no máximo 3 furtos por ano, sem uso de armas brancas ou de fogo, pois o mais perigoso é sair na mão com o criminoso. 

Quando Jorgito falou isso ficou clara a diferença da sociedade cubana e brasileira. O brasileiro prefere viver um falso luxo do capitalismo, enquanto os cubanos gozam da tranquilidade da vida socialista. 


Jorgito explicou que após a morte de Fidel houve um aumento significante de turistas, o que lhe preocupa, pois Cuba tem poucos recursos materiais e o turismo acaba sendo prioridade, fazendo com que as reformas de ruas e imóveis demorem mais para acontecer. Conheci também uma cubana que estava muito triste se lamentando, pois foi traída pelo marido depois de 8 anos de relacionamento. Ela estava toda vestida de branco e passando por uma fase de Oboay que faz parte de um dos rituais da Santeria, religião afro-cubana.


Casa Grande funciona 24h por dia, o autêntico boteco cubano

Assim como em outros lugares, os cubanos não querem mudar o sistema, mas gostariam que os salários fossem mais altos, pois as ofertas em Cuba estão crescendo, mas os salários permanecem baixos. O que faz do turismo um papel importante nesse processo, pois enquanto o bloqueio continuar, essa é a melhor forma das famílias levantarem uma grana e comprarem produtos tecnológicos, como celular e acesso à internet.

Obs: meses depois da minha viagem o governo cubano anunciou o aumento no salário dos trabalhadores. A média salarial saltou de 600 pesos cubanos para 1600 pesos, sendo o menor salário de 400 pesos e o maior de 3000 pesos. Por exemplo: um professor que ganhava 555 pesos passa a ganhar mais de 1400. Um jornalista que ganhava 385 pesos vai ganhar mais de 1300 pesos.Veja no vídeo abaixo o pronunciamento do presidente de Cuba sobre os novos vencimentos. 


2019 - 5/1 - 2º Dia


Tirei o dia para resolver a programação até o fim da viagem. Ficarei três dias em Varadero, três dias em Santa Clara e regresso para Havana.

Da esq. para dir.: Eu, Café, amiga cubana, Marcella e Paty

Luis e Isabel como sempre ajudaram dando dicas do melhor roteiro. Estavam lá três brasileiros, Carlos Café, Patricia e Kelly, todos de São Paulo. Ao lado deles, durante a noite, fui a uma das festas mais incríveis da minha vida. O local da balada era um forte do século XIX. Frequentado por cubanos, o local toca música reggaeton. Fica no Malecon e a vista do terraço é incrível, com o olhar se perdendo no oceano. Ficamos até as 2h e antes de dormir paramos para comer uma tradicional pizza cubana na lanchonete El Cubanito, sempre cheia de clientes. As pizzas custavam entre 40 e 100 pesos cubanos, sendo a mais barata cerca de 2U$ ou 8R$. 



Funcionando até a madrugada, a lanchonete El Cubanito é sucesso entre cubanos e turistas

Mais cedo, Luis nos contou sobre os avanços na tecnologia de Cuba. A empresa brasileira Souza Cruz trouxe para Cuba uma nova tecnologia que vai expandir a produção de cigarros. Na área de energia, Cuba está produzindo painéis solares em conjunto com a China que em breve devem ser uma importante fonte de energia, junto da eólica que também está crescendo.

Nos últimos anos Cuba está melhorando e aumentando as ofertas de consumo


2019 - 4/1 - 1º Dia


Cheguei à Maior das Antilhas. Escrevo essas linhas às 1h23 de uma madrugada quente. Pousamos às 21h45 em Havana. Noite linda, muito calor. No caminho para casa conversei com o taxista que me deu sua opinião sobre diversos assuntos. O que mais se fala na Ilha atualmente é sobre a Nova Constituição que segundo ele apresenta um belo futuro pela frente. De dia ele trabalha com vendas de materiais de construção e a noite faz viagens de taxi. Tem um filho de 6 anos e não trocaria de país, mas aceitaria visitar outras nações como turista.

No caminho muita gente pelas ruas, a maioria de jovens, alguns com violões nas costas, mostrando a cara da juventude boemia cubana. E nenhum deles moradores de rua. “Não existe moradores de rua em Cuba. As pessoas que passam alguma dificuldade, sequer ficam na rua por uma noite, pois lhe dão abrigo” disse o amigo taxista Ezequiel.

Chegamos à casa, estilo colonial, pé direito muito alto. Ao acordar pela manhã fui direto à casa de Isabel que estava muito ocupada organizando as viagens de diversos brasileiros. Isabel mesmo com idade avançada continua sua colaboração para que os turistas brasileiros sejam bem recebidos. Combinei com ela de voltar no outro dia para conversar com Luis, seu marido, que tinha saído para apresentar um museu a um grupo de brasileiros.

Imagem da Calle Águila, no Centro de Havana e próximo ao Capitólio

Segui pela Calle Obispo, relembrando oito anos atrás quando fiz o mesmo percurso. Muitas lojas novas, principalmente de roupas (como Puma e Adidas) e eletrodomésticos. A principal mudança que vi até agora foi de que as pessoas estão conectadas pelo celular o tempo todo, principalmente os jovens. Fazem dois meses que chegou o serviço de internet 4G com cobertura em todo o país, o que já fez essa mudança comportamental nos cubanos.

Consegui achar a casa de Nelson e comprei alguns charutos. Perto dali tem uma cervejaria onde foi o local perfeito para dar uns tragos no charuto. O lugar é um galpão a beira do porto. Acredito que ali era algum armazém e agora um complexo gastronômico com cervejaria suíça e churrasco cubano. Um grupo de salsa formado apenas por mulheres estava se apresentando, deixando aquele dia cada vez mais mágico.

O aumento do acesso à internet é a mudança mais visível na sociedade cubana
Regressei à casa para encontrar um pessoal que havia chegado do RJ. Fomos comer uma pizza (15 pesos cubanos, cerca de 2R$) e tomar um refri, pois eles  são viciados em Coca Cola, mas em Cuba predomina os nacionais Tukola e Tropicola.

Descansamos e partimos para a noite. Após andar muito conhecemos um jovem cubano, Randy, que nos levou a um lugar para comprara cerveja e depois fomos a uma danceteria chamada Industria 8. Frequentado por cubanos em maioria e por alunos de escolas de danças da região, deixando a noite perfeita na companhia de lindas jovens cubanas que bailam muito. Até eu entrei na dança, sem muito sucesso, mas feliz por participar. O lugar é aconchegante, lembra um pub, mas com as particularidades caribenhas e com uma pista de dança. Custa 5 CUCs para entrar, com direito a um drink.

Entrada da danceteria Industria 8, na rua que leva o mesmo nome

Conversando com Randy, ele disse que Cuba é o melhor país do mundo, mas que os salários são muito baixos. Randy trabalha numa fábrica de charutos e é fa de basquete, inclusive tem uma tatuagem da Air Jordan num dos tornozelos e disse que tem uma coleção de tênis da Nike.

Voltamos para casa as 2h da manhã e encontramos alguns barzinhos e lanchonetes abertas pela rua.