Logo pela manhã já estava marcada uma atividade. O
recebimento da Caravana da Revolução, mas como atrasou fomos para outras
atividades. Com o taxista Ismael como guia fomos para três lugares: Muraleando,
Casa de Ernest Hemingway e o Museu da Denúncia.
O Muraleando é um projeto independente que surgiu da vontade
da própria comunidade em transformar o bairro que vive através das artes
plásticas, principalmente o graffiti.
O projeto já tem 18 anos, conta com centenas de alunos, muitos com necessidades especiais, e envolve toda a comunidade. Brasileiros já participaram desse projeto, como Os Gemeos e o Thiago Botelho. Em 2014 recebeu o prêmio do Ministério da Cultura de Cuba.
O projeto já tem 18 anos, conta com centenas de alunos, muitos com necessidades especiais, e envolve toda a comunidade. Brasileiros já participaram desse projeto, como Os Gemeos e o Thiago Botelho. Em 2014 recebeu o prêmio do Ministério da Cultura de Cuba.
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O projeto começou em meados dos anos 2000 |
A casa de Ernest Hemingway foi interessante. Ele era um
boêmio, aventureiro e escritor. Chegou a fazer uma torre ao lado da casa
principal para receber uma amante italiana de 18 anos. Maria, uma das
funcionárias da casa, falou sobre a admiração do americano por Cuba e que ele
pediu que a casa e o terreno fossem doados ao povo cubano após sua morte.
Hemingway foi tratado como traidor nos EUA por sua
admiração por Cuba e a proximidade com Fidel Castro. Chegou a colocar uma
metralhadora em seu barco para caçar submarinos nazistas durante a década de
1940 (na Segunda Guerra). Ele suicidou-se após ter depressão e sofrere choques
elétricos na cabeça para o tratamento da doença.
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A casa do escritor norte-americano está muito bem preservada
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No caminho vimos muitas crianças, jovens e adultos pelas
calçadas aguardando a passagem da Caravana que começa em Santiago todo 1º de
janeiro e relembra a trajetória que Fidel fez até chegar a Havana com o
Exército Rebelde no dia 8/1/1959, ao triunfar a Revolução. As crianças carregam
bandeiras de Cuba e cantam músicas saudando da Revolução.
O Museu da Denúncia fica em Marianao, próximo a Havana. Um
museu novo, interativo, moderno e que conta as atrocidades cometidas pelos EUA
para tentar minar a Revolução. Ao todo morreram 3 mil pessoas, 14 mil crianças
foram sequestradas (Operação Peter Pan), houve envenenamento de fazendas,
sabotagem à indústria e até mesmo atentado a bomba.
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Cada cruz representa uma vítima dos ataques terroristas contra Cuba |
Na mesma hora que estávamos visitando o museu, também
estavam presentes alunos norte-americanos visitando o lugar e todos estavam
emocionados. Alguns até assustados ao saberem dessas histórias que nunca são
mostradas nos EUA.
Ao voltar para casa que estou no bairro perto do Capitólio,
vimos que o local onde as crianças treinam boxe estava aberto e ficamos ali
acompanhando. É um lugar simples, com um ringue, alguns sacos de pancada e
pesos para levantar. O treinador nos contou que aquela era uma turma de
iniciantes e que já treinou boxeadores que hoje competem internacionalmente
representando Cuba.
Ainda disse que já treinou jovens que saem dessas academias
de bairro e vão para centros esportivos maiores, mas que prefere estar perto
das crianças na comunidade.
Conhecemos Marilene que esteve acompanhando o treino. Ela é
médica e estava participando do programa Mais Médicos na cidade de Ariranha,
interior de SP. A doutora falou sobre o preconceito que sofreu no início, por
ser negra principalmente, e que salvou a vida de muitas pessoas com
tuberculose, sífilis e até lepra.
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Crianças, jovens e adultos treinam diariamente na academia e boxe |
Ela disse que o Brasil da realidade e das novelas é
totalmente diferente, pois Cuba transmite novelas brasileiras a décadas e
muitos cubanos pensam que o Brasil é daquele jeito. Mas o que a médica mais viu
foi um país onde as pessoas que tem um celular e carro novo se acham deuses e
que falta muita educação e cultura política para o povo e por isso elegemos
Bolsonaro.
A doutora ainda nos mostrou no seu celular as mensagens desesperadas
dos antigos pacientes brasileiros que a discriminavam, votaram no “coiso” e
agora estão sem o ótimo atendimento que ela prestava.
Sobre a mídia no Brasil, Marilene disse que é mais uma
ferramenta para alienar o povo, que só passa violência e nada da realidade e
dificuldades do cotidiano. Ela gostou do Brasil, queria ficar mais tempo, mas
não levaria a família para morar no Brasil, pois em Cuba todos estão seguros e
assistidos pelo Estado. Além do Brasil, ela já trabalhou no Congo em missão
médica semelhante ao programa Mais Médicos no Brasil.
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