8/1/2019


Logo pela manhã já estava marcada uma atividade. O recebimento da Caravana da Revolução, mas como atrasou fomos para outras atividades. Com o taxista Ismael como guia fomos para três lugares: Muraleando, Casa de Ernest Hemingway e o Museu da Denúncia.

O Muraleando é um projeto independente que surgiu da vontade da própria comunidade em transformar o bairro que vive através das artes plásticas, principalmente o graffiti. 



O projeto já tem 18 anos, conta com centenas de alunos, muitos com necessidades especiais, e envolve toda a comunidade. Brasileiros já participaram desse projeto, como Os Gemeos e o Thiago Botelho. Em 2014 recebeu o prêmio do Ministério da Cultura de Cuba.

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O projeto começou em meados dos anos 2000

A casa de Ernest Hemingway foi interessante. Ele era um boêmio, aventureiro e escritor. Chegou a fazer uma torre ao lado da casa principal para receber uma amante italiana de 18 anos. Maria, uma das funcionárias da casa, falou sobre a admiração do americano por Cuba e que ele pediu que a casa e o terreno fossem doados ao povo cubano após sua morte.

Hemingway foi tratado como traidor nos EUA por sua admiração por Cuba e a proximidade com Fidel Castro. Chegou a colocar uma metralhadora em seu barco para caçar submarinos nazistas durante a década de 1940 (na Segunda Guerra). Ele suicidou-se após ter depressão e sofrere choques elétricos na cabeça para o tratamento da doença.

A imagem pode conter: sala de estar, mesa e área interna
A casa do escritor norte-americano está muito bem preservada

No caminho vimos muitas crianças, jovens e adultos pelas calçadas aguardando a passagem da Caravana que começa em Santiago todo 1º de janeiro e relembra a trajetória que Fidel fez até chegar a Havana com o Exército Rebelde no dia 8/1/1959, ao triunfar a Revolução. As crianças carregam bandeiras de Cuba e cantam músicas saudando da Revolução.

O Museu da Denúncia fica em Marianao, próximo a Havana. Um museu novo, interativo, moderno e que conta as atrocidades cometidas pelos EUA para tentar minar a Revolução. Ao todo morreram 3 mil pessoas, 14 mil crianças foram sequestradas (Operação Peter Pan), houve envenenamento de fazendas, sabotagem à indústria e até mesmo atentado a bomba.

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Cada cruz representa uma vítima dos ataques terroristas contra Cuba

Na mesma hora que estávamos visitando o museu, também estavam presentes alunos norte-americanos visitando o lugar e todos estavam emocionados. Alguns até assustados ao saberem dessas histórias que nunca são mostradas nos EUA.

Ao voltar para casa que estou no bairro perto do Capitólio, vimos que o local onde as crianças treinam boxe estava aberto e ficamos ali acompanhando. É um lugar simples, com um ringue, alguns sacos de pancada e pesos para levantar. O treinador nos contou que aquela era uma turma de iniciantes e que já treinou boxeadores que hoje competem internacionalmente representando Cuba. 

Ainda disse que já treinou jovens que saem dessas academias de bairro e vão para centros esportivos maiores, mas que prefere estar perto das crianças na comunidade.

Conhecemos Marilene que esteve acompanhando o treino. Ela é médica e estava participando do programa Mais Médicos na cidade de Ariranha, interior de SP. A doutora falou sobre o preconceito que sofreu no início, por ser negra principalmente, e que salvou a vida de muitas pessoas com tuberculose, sífilis e até lepra.

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, quadra de basquetebol, sapatos e atividades ao ar livre
Crianças, jovens e adultos treinam diariamente na academia e boxe

Ela disse que o Brasil da realidade e das novelas é totalmente diferente, pois Cuba transmite novelas brasileiras a décadas e muitos cubanos pensam que o Brasil é daquele jeito. Mas o que a médica mais viu foi um país onde as pessoas que tem um celular e carro novo se acham deuses e que falta muita educação e cultura política para o povo e por isso elegemos Bolsonaro.

A doutora ainda nos mostrou no seu celular as mensagens desesperadas dos antigos pacientes brasileiros que a discriminavam, votaram no “coiso” e agora estão sem o ótimo atendimento que ela prestava.

Sobre a mídia no Brasil, Marilene disse que é mais uma ferramenta para alienar o povo, que só passa violência e nada da realidade e dificuldades do cotidiano. Ela gostou do Brasil, queria ficar mais tempo, mas não levaria a família para morar no Brasil, pois em Cuba todos estão seguros e assistidos pelo Estado. Além do Brasil, ela já trabalhou no Congo em missão médica semelhante ao programa Mais Médicos no Brasil.

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